
O que é garapa? De onde venho, garapa é como chamamos o suco, feito do caldo da cana após ser muida em uma engenhoca. Mas, infelizmente não é nem dessa Garapa que o documentário fala. Açucar e água, ou água com açúcar, aquilo que se dá para acalmar as pessoas vez por outra, esse mesmo “remédio” vira fonte única de alimentação na realidade da seca nordestina. Não há cana, não há nada, apenas um pouco de comida dado pelo projeto “fome zero” para esses brasileiros, que o são tão brasileiros como qualquer outro, pois sofrem por toda a má distribuição de terra, feita ao longo da história de um país construído por interesses da elite e pelas mãos dos pobres.
É dessa realidade que o documentário de Padilha trata, e como prometido, em um post anterior, venho aqui relatar. O filme fala exatamente disso, é o que esperávamos, nem menos nem mais, trata da fome, do esquecimento. Mas supera a imaginação e mostra a realidade, uma verdade que só se compara a que Graciliano Ramos descreve em “vidas secas”; trata-se de uma realidade árida, sem romance, onde os personagens não tem nome, os filhos são os mais velhos, os maios novos... muitos. O tempo da exibição parece não passar, e o fim...
Parece que ainda agora não chegou.